sábado, 26 de julho de 2008

Líder da Revolta da Chibata recebe anistia 39 anos após a morte






Mestre-Sala dos Mares
(João Bosco e Aldir Blanc)

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar apareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas

Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos negros
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração
Do pessoal do porão
Que a exemplo do marinheiro gritava, então:

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias,
Glória à farofa, à cachaça, às baleias,
Glória a todas as lutas inglórias

Que através da nossa história
Não esqueceram jamais.........

Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

(Mas, salve...)
Salve o almirante negro
Que tem por monumento

As pedras pisadas do cais

“É concedida anistia aos insurretos [rebeldes] de posse dos navios da Armada Nacional se os mesmos, dentro do prazo que lhes for marcado pelo governo, se submeterem às autoridades constituídas”. Isso é o que afirmava o texto do Decreto Legislativo n.º 2.280, em 25 de novembro de 1910 – publicado três dias após o início da revolta da Chibata, no Rio de Janeiro. Um dos beneficiados pela legislação seria João Cândido Felisberto, principal líder do movimento. Mas só nesta quinta-feira (24), 39 anos após sua morte, ele recebe tal direito.

Tanto João Cândido quanto os demais integrantes da revolta, que durou apenas seis dias, receberam do governo brasileiro anistia pós morte, publicada hoje no Diário Oficial da União. De acordo com a norma, a finalidade é “restaurar o que lhes foi assegurado pelo decreto”.


O líder político morreu de câncer em 1969, aos 89 anos, no Hospital Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. A Revolta da Chibata mobilizou cerca de 2 mil marinheiros na baía de Guanabara, que prometeram bombardear a cidade, até então capital do Brasil, caso os castigos físicos impostos pelo regime da Marinha não cessassem.


No desfecho da revolta, o governo brasileiro se comprometeu a acabar com as punições físicas (chibatadas, regulamentadas à época), mas, mesmo assim, os marinheiros foram detidos. No decorrer das tensões, seis deles foram mortos – inclusive foi o castigo a um deles, Marcelino Rodrigues Menezes. Esse foi o pretexto para o início da revolta.

A idéia de conceder a anistia pós morte ao líder e aos demais revoltosos partiu do Senado e foi aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 13 de maio.

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