Santiago/RS:
O Secretário Geral do PMDB local, meu amigo Márcio Brasil, rompeu com a direção do partido e declarou seu apoio á candidatura de Júlio Cezar Prates, do PT.
Em um belo manifesto, no qual se posiciona contra o conservadorismo dos caciques locais, e a coligação com os maiores adversários do governo Lula, do qual o PMDb faz parte da base de apoio.
Ressalta em seu manifesto as conquistas sociais alcançadas durante esse governo e a submissão do anterior aos desmandos do capital extrangeiro, a ruína que causaram a infra-estrutura do país e os recentes escândalos de corrupção da aliança PSDB-DEM (PFL) no governo do Estado.
SEGUE O "MANIFESTO" de Márcio Brasil: blog: http://www.marciobrasil7.blogspot.com/
Domingo, Junho 29, 2008
Hoje estive na sede do diretório do PMDB, onde era realizada a convenção municipal do partido. Fui lá apenas para "dar uma olhada". Afinal, já havia adiantado para vários amigos a decisão em não ceder à idéia de concorrer a nada. E, para quem não percebeu, o texto que incluí em minha coluna no Expresso da última sexta (sobre pôquer e política), falava justamente disso. Os partidos de oposição ora promovem uma aliança, o denominado frentão, com propósito de chegar a prefeitura. Diversos partidos e diversos interesses conflitantes buscam a oportunidade de administrar Santiago. De minha parte, sempre defendi que antes de se buscar nomes, é preciso que haja idéias, propostas e nunca acreditaria em uma campanha onde se ressaltassem nomes e não idéias. E, da parte da oposição, foi só o que mais vi. Se discutia se o melhor nome era o Pedro, o João, o Paulo, a Maria ou o José. Uma hora o Pedro era bom, mas não aceitava o Paulo, que poderia ser, mas o seu partido era menor que o do José. Ou seja, jogo de belezas, discussão de vaidades. O que menos importava era o conteúdo. Claro, sempre vai aparecer alguém para me contestar e dizer que "não, nós temos muitas idéias e blá, blá, blá". No entanto, tais idéias devem estar escondidas n'alguma catacumba, pois nunca as vi. A não ser discursos utópicos de que Santiago precisa mudar e etc. Mas, enfim, mudar para onde e para quê? Qual é a proposta de mudança? Não posso crer no que não posso ver. E eu, como alguém pobre, não posso ser conivente com qualquer proposta elitista apresentada por uma meia dúzia de abastados. "Isso é o que nós achamos que é o melhor para os pobres". Pô, alguma vez perguntaram para alguém nos bairros carentes o que pensam de sua situação e o que realmente esperam? Não, eles deduzem com pensamentos do tipo "o povo gosta de pão e de circo", assim meio simplistas mesmo. Para mim, pelo menos, nunca me perguntaram o que eu achava sobre qualquer coisa. E, sequer tendo o meu pensamento valorizado, como é que poderia apoiar qualquer candidato que se achasse numa situação financeira privilegiada? Não posso votar em quem diga que vai defender os pobres, mas sequer saiba o que uma pessoa pobre come. Ou o tipo de necessidade que enfrenta.
No início desse ano, concedi uma entrevista ao blog de Júlio Prates, onde externei um pouco de meu pensamento política. Como você pode conferir aqui.
E sempre disse que preferia ver a situação na prefeitura, que está acostumada ao poder, do que ver a oposição ascender com sede de poder. Sempre defendi as minhas idéias e não aceitei ser cabresteado. Na entrevista citada, ainda disse que era preciso ousar na concepção das chapas, afinal, de nada adiantaria ostentar um discurso de mudança, se na própria coligação já vinham com uma proposta arcaica. Portanto, defendia uma aproximação do PMDB com o PT, pois acreditava na união de propostas sociais, preservando a dignidade do discurso (e não na conveniência de siglas). Diversas vezes dentro do diretório se externou que o PMDB deveria estar à frente do processo, o que eu concordava e até defendia alguns nomes. No entanto, como todos os outros, rechaçava a hipótese de aliança como coadjuvante.
O presidente do PMDB e outros companheiros chegaram até a ensaiar que abdicariam de seus cargos, caso o PMDB fosse de vice de Vulmar. Nada que uns poucos dias antes da convenção não mudasse o seu pensamento. Eu, afinal, sigo preservando a minha idéia: não concordo, não concordo e não concordo. E, como presidente da juventude e membro da executiva, ninguém veio me perguntar o que eu pensava (e julgava ter um cargo influente no PMDB- agora vejo-pura fachada). E se não perguntarem nada para mim, acho que nem para o diretório. Ou seja: decisão de cima para baixo. Zeus lançando raios na cabeça dos mortais. (alias, sequer nos avisavam das reuniões, afinal, "os piás eram sempre do contra"...).
Ao declarar que não iria me candidatar (pois antes preciso me construir muito mais e me qualificar como ser humano e como ente político), um companheiro me disse. "Mas tu tem que ir. Tu deve fazer tantos votos e aí pode ganhar uma secretaria". Pô, que saco. Eu não tenho vontade de entrar numa disputa com propósito de ganhar cargo e rechaço por completo essa história de "uma secretaria para tal partido, duas para o outro". Sou contra a profissionalização política. Sou contra cabides de emprego. Sou contra pessoas desqualificadas ocupando qualquer cargo que não estejam habilitadas para tal. E vejo com o maior nojo que pessoas que falavam mal do candidato do PSDB, hoje se achegam debaixo de suas asas e lhe elogiam até o cheiro das axilas (Avanço?), vislumbrando uma possibilidade de vitória. E, consequentemente, de ganhar cargos. Isso dá nojo e, para mim, não serve.
Se isso vai acontecer ou não, não sei. Mas que determinados aliados políticos espalham que isso vai acontecer isso é verdade. E, sinceramente, não gosto do que ouço. Não me agrada nem um pouco. Outra, sempre procurei manifestar que eu tinha interesse em contribuir com idéias nas mais diversas áreas. E sei por compartilhar tais idéias com amigos intelectuais e historiadores de que tais idéias seram bastante propícias. No entanto, verifiquei às duras custas que, muitas vezes, dentro de um partido não se valoriza tanto se tu tem idéias e se tu tem conteúdo. Interessa se tu é da parceria. Outro dia, ousaram me questionar o porquê de eu integrar um grupo chamado "Movimento Juventude com Atitude", onde não inseri nenhum aspecto político dentro do grupo e me cobravam por isso. Sabe por que nunca inseri nada disso? Porque não queria que um dia alguém viesse me dizer o que fazer. Como vejo que teria acontecido, caso tivesse interido o nome de sigla à frente do grupo. E, outra, sabia que se eu não inserisse siglas, levaria o grupo para onde fosse e ele poderia existir sem mim. Por essas posturas, é que não sou tido como parceiro. Porque não digo amém para pensamentos arcaicos e prepotentes. O que sou na vida, devo ao meu pai, a minha família e aos meus amigos. Não a cabrestos partidários.
E, sinceramente, parceiro de pensamentos elitistas, eu não sou. Sou da revolução. Sou da igualdade. Sou da justiça. Não senti que minhas idéias fossem valorizadas. Nem tampouco, senti que as idéias da juventude eram apoiadas. Parece que a juventude serve para segurar bandeirinhas, para ser cabo eleitoral, mas não para participar das decisões. Isso é subestimar a tantos que poderiam contribuir.
Em nenhum momento das discussões políticas lembraram da juventude para que contribuíssimos com a construção de um projeto de administração, como queríamos. Ou que algum nome de nossa juventude, como o próprio Rodrigo Vontobel, fosse simplesmente lembrado para ser candidato em alguma chapa majoritária, por exemplo. E por que nunca cogitaram para uma chapa majoritária qualquer outra pessoa que não fosse um "poderoso", um figurão, mas que fosse alguém do povo, alguém pobre, mas honrado? Afinal, a política não é um instrumento de todos? Não teria de ser igualitária?
Não, para agregar votos como candidatos a vereador ou segurar bandeiras, serviríamos. Para qualquer outra concepção, aí se optaria de sempre. "Espere esses jovens ficarem velhos e perderem a capacidade de lutar, o idealismo e o inconformismo com o que está errado". Talvez, assim, ao perdermos nossa força de lutar contra o sistema (e entrarmos para o sistema) estaríamos então aderindo a um padrão de conformismo e, aí sim, talvez fôssemos lembrados para defender uma causa. Pois eu digo: não. Somos livres e não cremos em quaisquer amarras partidárias, a não ser que tais defendam o que é da justiça.
A recente decisão das lideranças do PMDB de apoiarem a candidatura do PSDB ao executivo municipal de Santiago é duvidosa, confusa e questionável.
Primeiro, porque joga-se o PMDB na lata do lixo da história, capitulando para quem até há pouco era considerado, um algoz. A decisão ignora a própria história do Partido em Santiago, conquanto todos sabem que a cisão fratricida foi criada na época em que Vulmar Leite era prefeito, quando saiu do PMDB e criou o PSDB.
Portanto, num solene desprezo para com a História e num ato de capitulação política, os dirigentes atuais colocam o partido como coadjuvante no processo, inclusive, contrariando decisão unânime do diretório há cerca de dois meses de que o PMDB deveria ter canditura própria ou, em caso de coligação, estar à frente da chapa. Era essa a decisão que apoiávamos sob qualquer hipótese. Até mesmo porque, dos partidos de oposição, o PMDB foi o que mais se renovou em seu quadro de filiados, administrou a Câmara de Vereadores, assumiu a presidência do Corede e promovou cursos de formação e qualificação política. Tudo para bem preparar os seus quadros e, honrando a história do partido, defender uma proposta coerente, lógica e evolucionista para Santiago. Mas não foi o que acabou acontecendo.
Assim, integra-se a coligação, descaracterizando-se politicamente, visto que o PSDB e o DEM são os maiores adversários das políticas públicas patrióticas e comprometidas com os setores populares do Brasil, as quais estão sendo implatadas pelo Governo Federal, no qual o PMDB integra a base aliada de Lula.Assim, ao aliar-se com seus adversários no plano nacional, os peemedebistas locais jogam contra os interesses maiores da nação e das políticas que beneficiam a sociedade e os jovens.
Nunca o Brasil esteve tão bem, tão próspero e tão alvissareiro. Os jovens da nossa região hoje tem respostas do poder público; e aí está o PRO-UNI, permitindo o acesso dos pobres à universidade, aí está a UNIPAMPA, uma universidade pública federal fornecendo ensino superior gratuito em nossa região, aí está o CEFET, com ensino superior tecnológico, em suma, aí estão políticas públicas no campo do ensino superior que atendem as demandas da juventudade e são bem diferentes daquelas da era FHC, do PSDB, que cultivava o sucateamento do ensino público e privilegiava o ensino privado, apenas aumentando os ganhos dos donos de universidades e daqueles que fazem da educação uma mercadoria.
As estradas no governo FHC eram intransitáveis. No governo Lula, aí está a diferença. O campo recebeu o “LUZ PARA TODOS” e foi uma revolução no meio rural. Hoje existe micro-crédito para o pequeno e médio, existem recursos do sistema financeiro de habitação para os setores médios e pequenos. A economia do Brasil vai bem, temos até dinheiro de sobra para quitar a dívida externa. O salário mínimo adquiriu novamente poder de compra. Existe comprometimento real com os setores pobres e açoitados.
Em suma, é inconcebível para quem tem discernimento político, fomentar uma aliança com tucanos e democratas. E nem estamos falando no governo de Yeda Crusius que enfrenta uma forte crise, recebendo pesadas críticas da sociedade gaúcha, um governo inimigo do social e que tem imposto uma política de arrocho salarial contra os professores e funcionários, policiais civis e militares, funcionários da CORSAN, da SUSEPE e demais setores do funcionalismo público.
Portanto, não compactuo com essa coligação, e de minha parte discordo dessa coligação que ora se apresenta. Conforme está descrito na constituição federal, "todo poder emana do povo". Portanto, não posso crer que doutores, advogados e coronéis possam apresentar qualquer proposta que realmente contemple o povo, que beneficie a população pobre e que venha realmente a sanar as dificuldades que as pessoas carentes de minha cidade enfrentam. Desde já, chamo os setores históricos do PMDB- como o dr. Antônio Valério da Rosa (que nos manifestou seu apoio irrestrito)- os setores lúcidos e não capituladores, a cerrarmos fileiras ao lado do Partido dos Trabalhadores, hipotecando nosso apoio a candidatura de Júlio César Prates a Prefeitura de Santiago. Único dos candidatos que está formado pela URI e que, desde já, apresenta propostas diversas para a construção de uma administração evolutiva com mais trabalho e dignidade para todos. Enfim, só posso crer naquilo que vejo. Só posso ter fé naquilo que sinto segurança. Só posso apoiar aquilo que meu coração diz que é o caminho mais digno. Portanto, é essa a minha decisão, como presidente da juventude do PMDB de Santiago. E aproveito para escrever um texto longo para gastar o tempo dos companheiros que adoram monitorar e imprimir meu blog, com intuito de tentar bloquear o meu pensamento e fazê-los gastar um pouco de tinta da impressora e páginas de ofício. Tenho um arsenal de pensamentos e a escrita é a minha arma, à favor de uma sociedade justa e que olhe mais pelos necessitados e menos para os coronéis. E, afinal, esse é o meu blog, onde escrevo sobre o que eu penso, acredito e defendo.
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